CHOQUE DE CULTURA: conheça o único técnico que foi re-contratado pelo Green Bay Packers
Se a dança dos treinadores é comum no futebol brasileiro, com nomes saindo e voltando nos clubes, na NFL é bem diferente.
Lembro-me vividamente das tardes em que saía da escola no quinto ano do ensino fundamental. Frequentava uma escola perto da minha casa, tinha muitos amigos na escola, e futebol sempre foi um assunto que falávamos pelos cotovelos, entre piadas, brincadeiras e provocações saudáveis. Desde pequeno, sempre torci pelo Botafogo, juntamente de meu pai e irmãos, é uma tradição familiar que remonta ao meu finado (e muito amado) avô Erodice.
Nesta época, e até hoje mesmo, uma coisa sempre foi comum aos olhos dos torcedores: o insano carrossel de técnicos que paira o futebol brasileiro. Nomes grandes sempre pareciam circular esse mercado, sempre pulando de equipe em equipe. Quando falamos em técnicos como Joel Santana, Celso Roth, Muricy Ramalho, Oswaldo Oliveira e tantos outros, provavelmente, surgirão diversos times em sua memória. Muitos desses que tiveram mais de uma passagem em certas equipes até.
Com esse background estabelecido, há algumas semanas, me surpreendi ao descobri que na história da franquia mais vencedora da NFL, apenas uma, repito, uma vez um técnico foi recontratado. Já me surpreendi com a longevidade de técnicos na NFL, mesmo com resultados abaixo do esperado no time, como os famigerados Dom Capers, Mike Pettine e Joe Barry (O inomeável!), porém mesmo assim, em mais de um século de existência apenas uma vez um técnico ser recontratado me pegou de surpresa. Sem mais delongas, vamos mergulhar nessa História mais à fundo.
Conheça Lisle Blackbourn
Lisle Blackbourn nasceu em Beetown, Wisconsin, no ano de 1899, e estudou na modesta universidade Lawrence, na cidade de Appleton, também em Wisconsin. Blackbourn, foi técnico dos cheeseheads em um período conturbado, quando a equipe apresentava sinais de instabilidade. Mas a história que acontece na instabilidade, tem um início em uma época vitoriosa, depois de uma lendária trajetória com o técnico que hoje dá nome ao estádio da equipe: Earl Lambeau. No ano de 1949, alguns desentendimentos com outros diretores aconteceram, e Lambeau, decidiu experimentar novos rumos para sua carreira em Chicago, o maior e mais histórico rival de sua antiga equipe.
3 anos e um carrossel de técnicos acontecem em Wisconsin. Após Gene Ronzani, Hugh Devore e Ray “Scooter” McLean, a diretoria dá chance ao inexperiente, mas promissor, Lisle Blackbourn.
Blackbourn nunca havia sido técnico de uma equipe profissional, mas havia passado por surpreendentes 30 anos treinando equipes do nível universitário (College) e do ensino médio (High School). Do meu ponto de vista, a aposta foi válida. Ninguém se mantém por 30 anos trabalhando na mesma coisa sem ter algum tipo de talento.
Porém, no final, o talento não conseguiu segurar Lisle no cargo. Afinal, é difícil argumentar sobre talento após um recorde de 17 vitórias e 31 derrotas, com um toque de desavenças em um vestiário que provavelmente deveria ser muito conturbado. Em 1958, sua jornada como técnico principal havia se findado, através de uma ligação enquanto o técnico estava à caminho do Senior Bowl.
Na chegada do ano de 1959 chegou, os anjos do futebol americano sorriram sobre a pequena cidade de Green Bay, entregando o coordenador ofensivo do New York Giants, Vincent Thomas Lombardi.
Lombardi excedeu as expectativas de todos e tornou-se um dos maiores técnicos de todos os tempos, tendo seu sobrenome estampado, como homenagem póstuma, no troféu da liga. Surpreendentemente, Blackbourn teve influência neste sucesso.
A volta de Blackbourn
Lombardi era o rei de Wisconsin, e seus comandados eram simplesmente fenomenais. Forrest Gregg, Jim Taylor, Ray Nitschke, Bart Starr, Paul Hornung e Jerry Kramer. Todos estes jogadores possuem duas coisas em comum: todos possuem um busto no Hall da fama da NFL e todos estavam na lista de Lisle Blackbourn.
Tendo isso em vista, Lombardi fez um movimento que se tornou único na história da equipe: em 1964, recontratou o antigo técnico, agora como scout (o famoso olheiro) de talentos para a equipe. E a atitude, que parecia controversa, acabou por dar frutos muito bons: Lisle, ajudou bastante os scouts de talentos da equipe como Jack Vainisi e Eddie Kotal a criar uma base que se consagrou como histórica no esporte.
Por mais que a história não tenha sido tão generosa com Blackbourn como foi com os nomes antes citados, Cliff Christl defende um bom ponto no texto original: devemos reconhecer que o antigo técnico teve sim um papel fundamental em todo o processo tão vitorioso da equipe.
- Por Lennon S. Grion
Fonte: Texto e Foto: Packers.com - https://www.packers.com/news/only-one-former-head-coach-was-ever-rehired-by-packers-14990241 por Cliff Christl, 2015.